O episódio Collor, com sua carga de justiças e injustiças, transmitiu um generalizado sentimento de força política ao cidadão, tornou efetiva a possibilidade de se enfrentar e vencer poderosos, e representou, especialmente, grande vitória sobre a corrupção.
A partir da sua deposição, um partido se proclamou dono absoluto da ética na política e na administração pública. Assim o mundo político estaria dividido em dois: de um lado um partido acima de qualquer suspeita e de outro, todos os demais, integrantes do grande balaio da corrupção. Além disso, vendiam a felicidade no “sem medo de ser feliz”. Sem dúvida, a única coisa que jamais poderia ser prometida.
Lula venceu, o povo dançou nas praças, a esperança vencera o medo. Logo, uma cachoeira de crimes, irregularidades, desvios, compra de parlamentares mensaleiros, quadrilhas instaladas na sala ao lado, no Planalto. Uma interminável sucessão de escândalos. E o mais grave, um Presidente que nada sabe, nada ouve, nada vê.
O fenômeno Lula dificilmente será apagado da mente e dos corações brasileiros. Mas, ao contrário do prometido, ele trouxe a desesperança para quem sempre lutou contra uma sociedade decadente, a desilusão para pessoas aguerridas que pensavam um Brasil mais decente e que agora, conformadas, dizem simplesmente “as coisas são assim mesmo”.
Afinal, um paradoxo, Collor representa o triunfo da cidadania; Lula, a derrota.
Antonio Augusto d´Avila.
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