Quando era criança, lá no Arroio Grande, via meu pai radiotécnico consertando radios, profissão que aprendeu com o meu avô (dono do primeiro rádio da cidade na década de 30 no século passado) e fiquei impressionado quando apresentou-me os primeiros rádios transistorizados. Até ali conhecia os radios valvulados.
Foi meu primeiro presente importante, um radinho Spika, que a gente ouvia com um fone (egoista) no ouvido e fiz o maior sucesso na escola.
Logo chegaria o tempo do televisor, o que obrigou meu pai a estudar na revista Eletrônica Popular como consertar os aparelhos. Estou falando da década de 60. Hoje, passados 50 e mais anos o que temos?
Esta foi a velocidade do rádio transistorizado e de pilhas para os equipamentos eletrônicos que temos. Vim de um tempo de telefone a manivela, de estradas poerentas e pequenos aviões teco teco ou do velho Constelation, para os hipersônicos. Tudo o mais cresceu e avançou com aquela velocidade.
Nesta virada do século a velocidade das conquistas científicas e tecnológicas aumentou consideravelmente. Qual será a velocidade na metade deste século? Assusta? Pode ser, mas entusiasma também e de tudo, tenho medo dos homens que lideram o planeta. Estes sim, podem fazer dos novos inventos, armas de matar com poder letal inimaginável.
Falemos do meio digital. Meu Deus! Onde estamos e para onde vamos? No meu tempo de criança lia Flash Gordon, um herói interplanetário. Estamos chegando lá nas viagens, mas já temos o raio laser.
Na meninice anunciar que alguém tinha cancêr era condenação em vida. Morria-se muito disso e de tuberculose. A sífilis matava, varíola, crupe, pneumonia. Ainda se morre, mas nem se compara com aqueles anos 50 e 60 do século passado.
Vivo a emoção de ter passado de um século para outro. Conheci poucas pessoas do Século 20 que tinham vindo do Século 19. Animem-se meus jovens de 50 anos e mais, nós podemos dizer: no século passado...
Acho que podemos viajar muito falando e escrevendo sobre a velocidade destes novos tempos.
João Garcia
Rádio Guaiba e TV Record
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